30 de set. de 2010

O primeiro e-reader nacional esgotou na primeira semana de vendas.

E-book já movimenta mercado brasileiro

Mercado brasileiro poderá refletir os resultados positivos dos Estados Unidos se houver uma política de massificação de e-leitores e de preços mais acessíveis

alfa_positivo(1) Rio de Janeiro - Os e-books começam a movimentar o mercado editorial brasileiro. Embora o número de títulos disponíveis no país ainda seja pequeno, o primeiro e-reader nacional, lançado pela Positivo por R$ 699,00, esgotou na primeira semana de vendas.
A realidade que começa a se instaurar ainda é muito nova para que se possa ter números e expectativas, mas já é suficiente para que editoras comecem a repensar seus negócios e estratégias, assim como a internet já obrigou jornais e gravadoras a fazerem.

Segundo dados da IDC, as vendas mundiais de e-books devem superar cinco milhões de unidades em 2010 e ultrapassar os seis milhões em 2011. "No mercado dos Estados Unidos, os e-books representam cerca de 3% do segmento editorial", afirma Daniel Pinsky, diretor comercial da editora Contexto e membro da Comissão da Câmara Brasileira do Livre - que trata do mercado de livros eletrônicos -, em entrevista. É baseado em números como esses que o mercado editorial brasileiro tenta traçar metas. É claro que as diferenças entre os dois países devem ser consideradas: nos Estados Unidos, o Kindle, famoso e-reader da Amazon, foi lançado em 2007 e hoje custa cerca de US$ 139,00.

Apesar da diferença de realidade, as expectativas aqui são tão boas quanto as de lá. "Acredita-se que nos Estados Unidos as vendas de e-books superarão as dos livros tradicionais em cinco anos. Como as coisas no mercado editorial brasileiro acontecem com cerca de três a cinco anos de defasagem, já podemos ter uma previsão", afirma Newton Neto, Diretor Executivo da Singular, braço da Ediouro provedor de conteúdos exclusivos na internet, em entrevista ao portal.

Conteúdos fazem a diferença

O mercado brasileiro poderá refletir os resultados positivos dos Estados Unidos se houver uma política de massificação de e-leitores e de preços mais acessíveis. Esta é a aposta de empresas como o Ponto Frio.com, que iniciou a venda de e-books este mês. "A nossa expectativa é crescer de 5% a 10% ao ano de acordo com o que vemos acontecer no mercado norte-americano", conta ao site Claúdio Campos, gestor da área de distribuição digital da empresa.

Além de contar com o advento de tecnologias que permitem o download de livros, como os iPads e smartphones, o investimento em conteúdos é uma das principais estratégias para o sucesso deste mercado.  É o caso do Alfa, que vem com um dicionário Aurélio que pode ser consultado durante a leitura. O lançamento do e-book da obra 1822, de Laurentino Gomes, desenvolvido pela Singular, também conta com serviços especiais. A versão do livro para download vem acompanhada de um áudio book com narração de Pedro Bial, imagens ilustrativas e do desenvolvimento do livro, como fotos tiradas pelo autor durante o processo de pesquisa.

O conteúdo diferenciado também pode ajudar na política de preços. "Como um e-book é cerca de 30% mais barato do que um livro comum, as editoras precisam investir em conteúdo para poderem garantir valores mais rentáveis e maior número de vendas", afirma Neto, da Singular Digital. Os valores cobrados pelos e-books ainda precisam ser estudados porque, embora não utilizem papel, representam outros gastos e riscos para as empresas. "Para fazer um e-book temos custos como transformação de dados. Além disso, quando vendemos um pela internet deixamos de vender fisicamente, isso não pode trazer prejuízo", aponta o diretor comercial da Contexto.

Acervo ainda é pequeno

1822_capa(1) Um dos empecilhos para o crescimento definitivo do segmento de e-books é o reduzido número de títulos disponíveis no mercado. Mas essa realidade deve mudar. A Singular, que disponibiliza e-books para vendas há um ano, possui 20 mil títulos de editoras nacionais e internacionais, um número grande para um mercado incipiente.

Já a Contexto tem 50 títulos disponíveis nas livrarias Cultura e Saraiva, mas conta com um total de 400 em seu catálogo, o que representa cerca de 1% dos títulos da empresa. O Ponto Frio, por sua vez, abriu as vendas da categoria este mês com 80 livros da Ediouro, mas pretende fechar setembro com mais 200 títulos. Até o fim de outubro, a loja virtual deve chegar a 400 livros no total.

Como o negócio é recente, o Ponto Frio.com ainda está desenvolvendo estratégias para a promoção das vendas. Entre as já realizadas está a criação de uma área independente no site apenas para e-books e a venda de livros sem dispositivos de DRM - o que permite o download e o acesso aos conteúdos de diferentes plataformas, não só dos e-readers. "Notamos que houve um interesse muito grande da mídia sobre o assunto, mais do que o esperado. Agora temos que ficar atentos às exigências do consumidor e disponibilizá-las no portal", completa Campos, do PontoFrio.com.

Rayane Marcolino | 30/09/2010 | 17h35

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