2 de ago. de 2010

A Telefónica pagou caro pela Vivo, mas era uma ação de vida ou morte para as atividades da empresa no Brasil.

Vai e vem no comando das operadoras: quem ganha e quem perde

Nas últimas semanas, assistimos a tensa disputa da Telefónica pela parte da Vivo controlada pela Portugal Telecom. Depois de muito vai-e-vem e até troca de acusações (o presidente da PT acusou a Telefónica de chantagem), finalmente o negócio foi fechado. A Vivo, até então dividida meio a meio entre as duas gigantes, passa definitivamente para as mãos dos espanhóis.

Do outro lado, os portugueses compraram 23% na Oi. Que também passou por um (vergonhoso) troca-troca recentemente, e hoje incorpora Telemar e Brasil Telecom. E a Oi está comprando 10% de participação na PT.

Que confusão!

A Bolsa ficou movimentadíssima: as ações da Telemar caíram (pela compra de ações de uma empresa com muitas dívidas), e as da Vivo – que terá um único comando solidificado – subiram. A Oi sai “ganhando” na medida em que fica menos endividada, mas quem está feliz da vida mesmo é a Telefónica.



Uma nova gigante nas telecomunicações

A Telefónica pagou caro pela Vivo, mas era uma ação de vida ou morte para as atividades da empresa no Brasil. Dominante no segmento da telefonia fixa, começou a ter sérios problemas com o avanço da móvel. Diversificar os serviços passou a ser questão de vida ou morte por 2 motivos:

1. Diminuição de clientes de telefonia fixa. No país do celular pré-pago, para muitos usuários o telefone fixo em casa – pagando mensalidades altas – passou a ser uma despesa a se descartar. Diminuindo a base de clientes, a receita também diminui. Hoje temos no país 41 milhões de linhas de telefonia fixa ativas e 181 milhões na móvel! Adquirindo uma empresa de telefonia móvel, é possível diversificar os serviços e oferecer pacotes combinados. E nem citamos aqui o mercado da TV por assinatura. (Olha a venda casada chegando aí, gente!)

2. Despesas não param de crescer. A demanda por banda larga fixa está em expansão. As empresas tem sido obrigadas a injetar dinheiro nas redes constantemente, mas os preços estão diminuindo frente à disputa com outras operadoras e empresas de TV a cabo.

Em suma: não há mais como fugir da convergência.

O que muda para o consumidor?

Para você, consumidor, nada vai mudar. Em vez de recebermos gente nova, continuamos à mercê de um punhadinho de grupos estrangeiros dominando a telefonia fixa e móvel no Brasil. Voltamos à era colonial nas telecomunicações, com Portugal e Espanha dominando esse mercado…

A Anatel dará seu aval nos próximos dias, mas já sabemos que, no fundo, ela não tem poder nenhum. É uma entidade cada vez mais enfraquecida. A compra da Brasil Telecom foi péssima para nós, com a diminuição dos investimentos e falta de perspectiva de melhoria dos serviços. A Anatel não intermediou nada, tudo foi feito com uma ajudinha dos altos escalões do governo… E a lei foi alterada para que a fusão fosse possível, lembra?

Então, para que Anatel, não é mesmo?

Temos que fazer mais pressão e cobrar melhor qualidade nos serviços e no atendimento ao consumidor. Mas verdade seja dita: sem concorrência de verdade, as chances de mudança são poucas.

A GVT (controlada pela francesa Vivendi) deve entrar esse ano no ramo da TV por assinatura. Enquanto isso, ela está montando toda uma infra-estrutura de ponta, no aguardo dos leilões para exploração da tecnologia 4G, talvez em 2012.

Pessoalmente, sempre procurei fugir da Telefónica. Mas não tem jeito, na manhã seguinte eu acordo cliente deles de volta. É o que acontece quando muitos ficam na mão de poucos.


Bia Kunze | 02/08/2010 | 16h42 







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