4 de fev. de 2011

28% das empresas brasileiras competem com a China no mercado interno

Empresas perdem participação no Brasil e no exterior para China, diz CN

Pesquisa foi feita pela Confederação Nacional da Indústria em outubro. 50% das empresas brasileiras já têm estratégia para enfrentar competição.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou nesta quinta-feira (3) pesquisa que revela que 28% das empresas brasileiras competem com companhias da China no mercado interno e, destas, 45% perderam participação na concorrência.

De acordo com a entidade, a presença da China no mercado doméstico é mais intensa em alguns setores industriais (pelo menos metade das empresas pesquisadas assinalou que concorre com produtos da China). São eles: material eletrônico e de comunicação; têxteis; equipamentos hospitalares e de precisão; calçados; máquinas e equipamentos.

A pesquisa da CNI foi feita com 1529 empresas do país, sendo 904 pequenas, 424 médias e 201 grandes companhias, entre 4 e 19 de outubro do ano passado.

Competição no mercado externo
Ao mesmo tempo, segundo o levantamento, 52% das empresas exportadoras do Brasil competem com produtos chineses no exterior. Destas empresas, 67% perderam clientes para companhias do país asiático. "A competição com produtos chineses é ainda mais acirrada no mercado internacional do que no doméstico", avaliou a CNI.

Assim como no mercado interno, as grandes empresas exportadoras, segundo a CNI, estão mais expostas à concorrência com produtos chineses do que as médias e pequenas. "A perda de mercado no exterior para produtos chineses é significativa para produtos têxteis, máquinas e equipamentos e produtos de metal", informou a entidade.

Reclamações
A reclamação histórica das empresas brasileiras é que o país asiático possui melhores condições de competitividade, pois seu câmbio é sobrevalorizado artificialmente - o que permite que as exportações do país asiático sejam mais baratas. Ao mesmo tempo, o custo de contratação na China é mais barato, pois os trabalhadores não têm os mesmos direitos trabalhistas que possuem no Brasil.

"Obviamente, o processo de valorização do câmbio [subida do real] faz com que o produto importado fique mais barato. Do lado chinês, o câmbio atrelado ao dólar, em um processo mundial de desvalorização da moeda norte-americana, a moeda da China [yuan] termina se desvalorizando em relação a moeda brasileira", disse economista da CNI, Flavio Castelo Branco. 

Segundo ele, há outros fatores que pesam na competição. "Têm os custos de produção. É um dos elementos que diferenciam a China. O custo da mão de obra é mais barato na china, pois os salários e encargos são menores. O custo de capital é muito mais favorável nos asiáticos, pois as taxas de juros são mais baixas. E a eficiência da infraestrutura é maior do que a nossa. Por isso, os custos de transporte são menores", avaliou ele.

Enfrentando a concorrência
De acordo com o documento da entidade, metade das empresas industriais brasileiras já definiu uma estratégia para enfrentar a competição com os produtos chineses.

"A questão vem ganhando bastante importância para a indústria brasileira: o percentual é bem superior ao registrado na pesquisa de 2006, de apenas 29% [com estratégia para combater a concorrência chinesa]", informou a CNI.

Entre as medidas para enfrentar a concorrência de empresas chinesas, está o investimento em qualidade e "design" dos produtos (assinalado por 48% das empresas pesquisadas), e redução de custo, ou ganhos de produtividade (45%).

Importação de insumos e atuação na China
Dados da CNI mostram, porém, que empresas brasileiras também atuam com a China, quer seja importando matéria-prima (item assinalado por 21% dos entrevistados) ou com fábricas abertas no país asiático (opção marcada por 10% das empresas pesquisadas).

"Uma em cada cinco empresas importa insumos da China. Cerca de 34% das grandes empresas importam da China [quase o dobro de 2006]. Praticamente um terço das empresas que importam da China pretende intensificar importação nos próximos meses", informou a CNI.

De acordo com a entidade, algumas empresas, sobretudo as grandes, mostram disposição de transferir ao menos parte de sua produção para a China, "possivelmente como resposta à concorrência com empresas chinesas pelos mercados doméstico e internacional".

Alexandro Martello | 03/02/2011 | 11h43

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