14 de dez. de 2010

13º lugar em produção industrial e 12º em vendas industriais

Indústria catarinense cresce em 2010, mas fica atrás da média nacional

Entre razões estão mau desempenho dos setores de alimentação e veículos automotores

A indústria catarinense teve desempenho positivo em 2010, mas o resultado foi pífio em comparação ao resto do país. Entre as razões, estão o mau desempenho dos setores de alimentação e veículos automotores, e da balança comercial, com queda nas exportações e alta exagerada nas importações, favorecidas pelo Pró-Emprego.

No ranking nacional, Santa Catarina ficou em 13º lugar em produção industrial e 12º em vendas industriais, abaixo da média brasileira. A produção catarinense ampliou-se em 6,9% de janeiro a outubro, pouco mais da metade da média nacional, que registrou 11,8% no período. Quanto às vendas, o resultado foi ainda mais drástico: o Estado cresceu 2,2%, cinco vezes menos que o Brasil, que emplacou 10,4% de crescimento.

A base de comparação é fraca, uma vez que 2009 teve resultados ruins em função dos reflexos da crise econômica mundial iniciada no final de 2008. Comparando-se ao período pré-crise, a produção industrial catarinense está 4,21% menor, e as vendas estão 6,14% menores, em comparação ao período de janeiro a outubro de 2008.

A tradição exportadora catarinense foi um dos fatores que seguraram o desempenho catarinense, na avaliação de Henry Quaresma, diretor de relações industriais e institucionais da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Como as economias da Zona do Euro e dos EUA ainda não se recuperaram totalmente da crise, a indústria voltou-se para o mercado interno, que não deu conta de absorver a produção de setores como veículos automotores (-27,8%) e carnes (-2,28%).

Por outro lado, tiveram desempenho positivo a produção de metalurgia básica (45,6%) e máquinas e equipamentos (23,5%). No país, os setores com melhores saldos foram aqueles relacionados a commodities, como minério de ferro e petróleo, itens não produzidos em Santa Catarina.

Outro fator que interferiu no desempenho da indústria foi o saldo negativo na balança comercial. De janeiro a novembro, Santa Catarina exportou US$ 6,89 bilhões e importou US$ 10,84 bilhões, com saldo negativo em US$ 3,95 bilhões. Uma das explicações é o Pró-Emprego, que desde 2007 oferece incentivos fiscais a empresas que importam pelo Estado.

— O benefício tem que existir, mas para atender as plantas industriais existentes em Santa Catarina e não escritórios alugados no Estado — questiona o presidente da Fiesc, Alcântaro Corrêa.

Em relação aos empregos, Santa Catarina não se distanciou muito da média brasileira. No total, de janeiro a outubro, foram abertas 113,5 mil vagas (6,98% mais que o mesmo período em 2009), sendo 50,9 mil na indústria de transformação (8,62% acima) e 9,8 mil na construção civil (11,91% a mais).

Crescimento de 5% para 2011

A expectativa do setor é positiva para 2011, na opinião de Alcântaro Corrêa.

— Para o ano que vem, continua o crescimento. Será em torno de 5%, para atender a demanda interna, que está crescendo. Não vemos empresas falindo, ao contrário, só vagas não preenchidas. Vamos montar mais sete escolas com o Senai só na área de construção civil para formação de mão-de-obra — calcula o presidente da Fiesc.

O real valorizado continuará um desafio para a indústria, mas a carga tributária brasileira, associada às condições ruins de financiamento e à falta de infraestrutura de transporte e logística merecem atenção dos governos, segundo Corrêa.

A abertura de novos mercados para a exportação catarinense é um dos caminhos para a produção industrial, segundo Henry Quaresma.

— Existe a expectativa da abertura da China para o frango de Santa Catarina. Se o governo manter acordos bilaterais, o Estado pode dar um salto grande. Santa Catarina e São Paulo são os estados brasileiros que mais se beneficiam das exportações — observa Quaresma.

14/12/2010 | 06h20

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